A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
(…)
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se.
(…)
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
(…)
Esses trechos pertencem ao poema A bunda, que engaçada (1978) do escritor brasileiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). O que mais me encanta é o fato do poema ter um ar lúdico, quase infantil. Nos versos , essa parte da anatomia não é tratada como um lugar sujo ou de “desejo sexual proibido” e por mais que em outro verso ele cite os seios e o autor era um homem heterossexual — então ,ele está imaginando uma bunda de mulher— nós os leitores podemos imaginar qualquer bunda, porque a bunda não tem gênero. A bunda é democrática, ela atrai pessoas de todos os gêneros e orientações sexuais.
Quem não se lembra da novela Brega & Chique (TV Globo, 1987) que exibiu durante meses uma bela bunda masculina na sua abertura às 19h e chocou um número de 0 pessoas? Hoje em dia encaretamos tanto que o vídeo tem restrição de idade no YouTube.
Eu quando vejo uma bunda muito bonita, sempre digo: Isso não é uma bunda, é uma poesia!.
É claro que tem umas muito feinhas, coitadas! Tristes, flácidas, mirradas, secas; mas até essas têm uma certa poesia na sua melancolia.
A bunda bonita — aquela que abunda, enche nossos olhos, ativa nossas salivas— não precisa ser enorme, “abundante”, ela precisa ter um equilíbrio certo entre proporção, forma, rigidez e suavidade ao toque.
No meu livro Épater le Bourgeois, a bunda do personagem Ian é descrita como pequenina mas, firme. Como uma maçã verde. Espero que como autor eu tenha conseguido descrevê-la de maneira suficiente que você, leitor, deseje consumi-la com todos os seus sentidos.
Uma bunda bonita dá estrutura ao corpo, dá gingado ao andar e, na maioria das vezes, se estende até coxas firmes, fortes e poderosas.
Contemplem, degustem, abundem-se e sejam felizes!
A inspiração para esse texto de hoje veio da apreciação em plano fechado da bunda lindíssima do ator Martiño Rivas - um dos atores espanhóis mais lindos do momento- na série Serpientes y Escaleras. O guapetón já tinha nos presenteados com seu derriere na série Nachos e espero que continue assim, para alegria de meninas, meninos e menines.
Além, de darem uma conferida no meu livro, link acima, deixem nos comentários qual a bunda mais linda e você já viu e viva a bun…, quer dizer a poesia!